. compro auri

Performance-intervenção que consiste em pagar pelo ato da escuta.

> > V Í D E O <<
vídeo Rafael Adaime


A performance tem como referência a figura do homem-placa e o comércio de ouro na rua, para propor a matéria sensível sonora - AURI - como produto.







entrevista de rádio com Matt Lewis

> > E S C U T E < <

abaixo como particiapar pela internet

arte e fotos Dona Faleiros

Da Performance

Uma pessoa vestindo uma placa escrita COMPRO AURI encaminhará os interessados até o local onde a escuta será comercializada – um cavalete de comércio ambulante com CDs e um computador com arquivos de áudio. O ouvinte poderá escolher como levará a música: mídia CD ou em arquivo digital caso tenha um MP3 player e/ou celular e/ou pen drive para transferência de dados. Ao levar o material sonoro o ouvinte receberá R$1,50 por CD/arquivo.


Escuta como produção imaterial
A coqueluche dos tocadores de mp3, celulares e toda a discussão em relação a compra, venda e transferência de músicas a partir dos compartilhadores de arquivos na Internet - como Emule, Soulseek, Kazza - bem como a decisão das gravadoras em vender músicas pela rede revelam uma transformação radical daquilo que é comercializado hoje através dos aparelhos sonoros portáteis. Escutar não é mais a mesma coisa.

O propósito da perfomance COMPRO AURI é deslocar as questões do comércio musical na Web colocando a escuta como produto de consumo a ser vendido no espaço urbano, como referência ao mercado informal e o camelô. Se o comércio de música vem mudando radicalmente, o mesmo parece acontecer com o sentido que tem escutar música. Por que comprar música se é possível obtê-las de graça? Qual o sentido de pagar para ter música?

Existe uma outra ordem de difusão da música que também está na regulação da percepção. Pensando ao extremo, nos perguntamos, não teríamos que inverter a ordem do mercado? Ao invés de pagarmos para escutar uma música não seria o contrário, que sejamos pago para escutar!

Pensando na quantidade difusa de mídias que habitam o território sonoro, a escuta hoje está sob um estado de consumo incessante de sons e informações. O que os aparelhos sonoros móveis veiculam não é apenas música, mas um comportamento de escuta, um modo de subjetividade, onde não interessa o que você ouça, o importante é que esteja consumindo-ouvindo. Nesse contexto, a escuta é uma ato produtivo, que produz algo imaterial e gera um acúmulo virtual de mercado. COMPRO AURI tenta lidar com algum desses aspectos que envolvem a escuta e estratégias relacionadas a uma economia da percepção.


Quanto custa ouvir?

O valor a ser pago foi tabelado conforme o comércio de cada faixa de música pela Internet baseado em sites que comercializam esse tipo de transferência. Aqui estamos estabelecendo o valor médio de R$1,50 por música escutada em torno de 3 minutos.


Da matéria sonora

Pautado nas falhas que os processamentos digitais possibilitam, Orelha Reticulada foi concebido para lidar com o limite da percepção que o digital possibilita. A proposta é atuar em faixas de freqüências que estão no limiar de audibilidade, baixas e altas frequências, que o algoritmo de compactação MPEG Layer 3 ( MP3 ), os aparelhos portáteis e fones de ouvidos operam. Texturas sonoras inaudíveis e falhas que soam ou deixam de soar.



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Como participar pela Internet [ tempo limitado ]
Envie seu email, nome e conta bancária para giulianobici@yahoo.com.br com o título COMPRO AURI.

Será feito depósito de R$1,50 na conta e enviado o arquivo sonoro ou link ao email.


Performances realizadas:
Novembro de 2006 Av. Paulista evento Respública.
Setembro de 2007 SESC Pompéia evento Música Livre.

publicações

Minha foto
Artista experimental com ênfase em arte sonora. Graduado em psicologia e mestre em comunicação e semiótica pela PUC-SP com o livro "Condição da Escuta: mídias e territórios sonoros" editora 7Letras. Nos últimos anos lecionou no curso de Produção Musical da Escola de Artes na universidade Anhembi Morumbi e atualmente dedica-se a pesquisa e experimentações no doutorado pela ECA-USP. Ministra cursos em arte digital abordando temas como interação em tempo real de áudio e vídeo, luteria digital, experimentação sonora, bem como instalações utilizando software e hardware livre. Com Alexandre Fenerich forma o duo N-1 lançando em 2009 o CD Jardim das Gambiarras Chinesas. Tem participando de festivais como Wordtronics Berlin, Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, Live Cinema, Encontro Internacional de Arte Sonora, Festival Ibrasotope, Jornada de Cinema Silencioso, Ciclo de Arte Sonora Parque Lage, Conexões Tecnológica, entre outros.